Com uma sucessão de grandes concertos, o primeiro dia do Optimus Alive! 08 é sério candidato a melhor dia de sempre no que a festivais de verão diz respeito.
Kalashnikov – Há algo para lá do elemento “diversão” que distingue os Kalashnikov de muitas outras bandas do género – leia-se, trash-metal. A banda de Jel, para além das divertidas letras pró-guerra, é composta por músicos de razoável qualidade que dominam de forma razoável os seus instrumentos. Mas, não destoando dos objectivos da banda – que será, certamente, divertir mais do que agradar o ouvido mais exigente –, os Kalashnikov desfilaram os seus já bem conhecidos temas – “One love one famaly” e “Warriors of the Hezbollah” à cabeça –, com Jel como perfeito mestre de cerimónias que, no seu discurso, coleccionou “funkings” como se não houvesse amanhã. Destaque ainda para a chamada de Fernando Ribeiro a palco para colaborar em “Warriors of the Hezbollah”. Ainda que possa gerar pouco consenso, a escolha para abrir o primeiro dia do evento revelou-se, de certa forma, acertada.
6/10
Vampire Weekend – Impressionante o mar de gente que invadiu o espaço Metro On Stage para assistir à actuação destes quatro miúdos de Brooklyn. Respondendo positivamente às expectativas, os Vampire Weekend desfilaram quase todos os temas do homónimo álbum de estreia com “A-Punk”, “Oxford Comma”, “M79” e “Walcott” a quotarem-se como as canções mais festejadas da noite. A banda ainda arranjou tempo para apresentar um inédito. O suficiente para provar que os miúdos não querem ficar agarrados à formula que (já) os tornou famosos.
7/10
The National – Num concerto claramente regado a vinho e deslocado no que a palco diz respeito, os National deram aquilo que deles se esperava: grandes canções. Ainda que o espaço não fosse ideal, a banda de Matt Berninger deu um belo concerto de fim de tarde, em que canções de Alligator foram alternando com as do justamente aclamado Boxer. Destaque para “Squalior Victoria”, “Racing Like A Pro”, “Fake Empire” e “Mr. November”.
6/10
Gogol Bordello – Se os National se revelaram um óbvio erro de casting no que a palco diz respeito, já os Gogol Bordello encheram o palco e as medidas do público que esperava uma actuação tão boa como a que a trupe de Eugene Hutz presenteou o público da última edição do Festival Paredes de Coura. “Despachando” desde logo os seus mais conhecidos êxitos, “Ultimate”, “Wonderlust King” e “Start Wearing Purple”, a banda multi-étnica soube agarrar o público desde o inicio – como se fosse realmente necessário. É incrível verificar que à medida que a actuação avança o caos parece aumentar e esse será um dos grandes trunfos que os autores de Super Taranta parecem explorar. Memorável – mais uma vez.
8/10
The Hives – Depois da loucura desenfreada que foi a actuação dos Gogol Bordello, quem melhor que os Suecos The Hives para suportarem a dolorosa transição para Rage Against The Machine? A banda Pelle Almqvist agarrou o público desde o primeiro momento, fazendo desfilar alguns dos momentos mais celebrados da sua ainda curta carreira. Momentos como o primeiro êxito de sempre, “Walk Idiot Walk”, e as boas canções do último The Black And White Album, como são exemplo “Try it Again” e, quase a terminar, “Tick Tick Boom” foram recebidas de forma energética pelo público que já guardava lugar para o momento alto da noite. Mais uma actuação memorável dos The Hives que, ao contrário do que Almqvist pensa, presentearam-nos com a sua terceira prestação em terras lusas.
8/10
Rage Against The Machine – O mais que esperado regresso dos Rage Against The Machine (RATM) a Portugal não poderia ter sido menos que o momento alto da noite. A banda de Tom Morello e Zack De La Rocha presenteou o público português com um alinhamento em formato claramente best-of que agradou, com toda a certeza, a gregos e troianos. Abriu com “Testify” e “Bulls On Parade” e fechou com “Freedom” e o inevitável “Killing In The Name”. E se pensarmos no carácter emblemático destes temas facilmente chegamos ao carácter épico que este regresso dos RATM a Portugal. Pelo meio houve ainda temas igualmente marcantes como “People Of The Sun”, “Bullet In The Head”, “Know Your Enemy”, “Guerrilla Radio” e uma adulterada “Sleep In The Fire”. Os quatro carismáticos da banda encheram sem grandes dificuldades o palco – Brad Wilk, na bateria, talvez tenha sido o mais discreto –, com destaque para Zack De La Rocha – uma energia inesgotável e constantemente a puxar pelo público português – e Tom Morello – a domar a guitarra como nenhum outro e, logo a abrir, a demonstrar-se literalmente cheio de “pica”, quando em “Testify” deixa cair a já inseparável e conhecida boina. Um momento para as mais belas memórias tanto dos fãs como do festival. Este é o momento em que mais tarde muitos vão poder dizer: “Eu estive lá!”
9/10