Thursday, July 3, 2008

A Naifa - Uma inocente inclinação para o mal

Canções Subterrâneas (2004) e 3 Minutos Antes da Maré Encher (2006) denunciavam uma banda com ambições desmedidas no que à reinvenção do fado diz respeito. À Canção de Lisboa mais tradicional os Naifa juntavam-lhe novos ingredientes que iam da pop à electrónica.

Essa faceta que monta alicerces na reinvenção mantém-se em Uma Inocente Inclinação Para o Mal. O terceiro disco dos A Naifa é, aliás, tudo o que os anteriores já eram, mas com novos condimentos. Seja pelo facto de adquirir uma faceta mais experimental que os antecessores, seja pelo facto de a parte lírica já não ser derivada de uma escolha de poemas por parte dos elementos da banda - as letras estão agora a cargo de Maria Rodrigues Teixeira e centram-se fundamentalmente na crítica social -, a banda de Mitó (vocalista) está, ao terceiro disco, ligeiramente diferente.

Todo o resto se mantém. Falamos da formação - Luís Varatojo na guitarra portuguesa, João Aguardela no baixo, Vasco Vaz na bateria e Maria Antónia Mendes (seguríssima) na voz –, da receita – guitarra portuguesa, guitarra eléctrica, baixo, bateria e samplers – e do próprio nível das canções – melhores momentos em “Um Feitio de Rainha”, a estranhamente reggae “Filha de Duas Mães”, “Esta Depressão que me Anima” e “Um Rapaz Mal Desenhado.

É, hoje em dia, dificil ser-se original. Os A Naifa pegam na canção de Lisboa – já de si algo localizada – e dão-lhe a roupagem que ninguém, até Canções Subterrâneas, se havia atrevido a dar-lhe.

7/10

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