Saturday, July 5, 2008

Brincando aos Clássicos: Radiohead - OK! Computer

Já ouviu falar do conceito de disco-milagre? Aquele tipo de disco que marca e define uma geração, constrói legiões de fãs, cria culto, constrói carreiras, rege a vida do ouvinte em função desse mesmo disco e, consequentemente, da banda responsável por esse disco? A existir um conceito de disco-milagre, OK! Computer será, concerteza, o maior de todos. Os Radiohead não seguiram os cânones que regem a ordem do grande disco de uma carreira. Acertaram em cheio “apenas” à terceira tentativa. Tiveram tempo para amadurecer. E ainda bem!

Não vale a pena alongarmo-nos numa avaliação geral ao som de OK! Computer. A sua qualidade exige uma análise faixa a faixa.

A abrir, a banda de Thom Yorke presenteia-nos com a cósmica “Airbag”, canção que contém uma força nas guitarras que denuncia um disco mais rock do que aquilo a que se vem confirmar mais afrente. Segue-se o primeiro grande clássico incontestável de OK! Computer, “Paranoid Android”, um épico intemporal que começa acústico e acaba eléctrico. Pelo meio há mudanças de ritmo bruscas e um dos melhores solos de guitarra de todos os tempos. Impressionante a emoção que Thom Yorke consegue transmitir ao repetir desalmadamente a frase "Rain Down, Rain Down, Rain Down On Me...". Já “Exit Music (For A Film)", contém coros de igreja - haveriam de ser todos assim - e quota-se com uma das três canções do álbum que vem, certamente, de outra galáxia. Outra dessas canções é "Let Down". Aquela que é uma das (injustamente) menos prezadas – pelos fãs - faixas desta obra-prima é também um dos mais – senão mesmo o mais - emocionais e fantásticos momentos do álbum. Contém ainda aquele que talvez seja o melhor momento de Thom Yorke e companhia durante todo o álbum: "You Know / You Know Where We Are With / Floor Colapsing, Floating / Boucing Back...". “Karma Police” é outro clássico instantâneo. Thom Yorke canta "For a minute there / I Lost Myself / I Lost My Self", mas quem se perde – de emoção e devoção – é o ouvinte. “Electioneering” é a canção mais desvairada de todo o disco e uma colecção de grandes solos de guitarra. Por seu lado, “Climbing The Walls” é canção mais distante do álbum. Será, provavelmente, nessa distância que residirá o segredo de outro dos grandes momentos da obra. “No Surprises” contém sons como que saídos de caixinhas de sons para criança e é um dos mais improváveis êxitos a que a industria musical já assistiu. A terminar, são-nos apresentadas “Lucky” e “The Tourist”. Se a primeira tem o melhor Thom Yorke e a melhor guitarra do terceiro álbum dos Radiohead, a segunda é um dos momentos mais apreciados pelos fãs que fecha o disco com chave de oiro.

OK! Computer continua a ser, ainda hoje, o peso pesado da discografia dos Radiohead. In Rainbows amainou um pouco o estigma. Mas como em 1997, em 2008 OK! Computer continua a ser a obra maior dos Radiohead - e um dos melhores álbuns de todos os tempos.

3 comments:

Alexandre Pereira said...

Talvez o álbum que mais goste de ouvir. Para mim é perfeito, mesmo! E acho que não tirava nada à tua análise!

Cumps

antiantitripa said...

Apenas gostava de dizer que a Let Down é a minha música favorita de sempre, e não é de forma alguma subvalorizada- nos círculos de fãs hardcore de Radiohead, se as músicas forem todas a votos, a Let Down ocupa certamente o top 10. Talvez até o pódio.

Pedro Arnaut said...

No meu TOP 10 ocupa a 1ª posição. É genial mesmo. Dá arrepios como, aliás, quase todas as canções do "OK Computer".