Friday, February 29, 2008

Korn + Flyeleaf + Deathstars - Pavilhão Atlâncito - 27 de Fevereiro

É certo que a 6ª passagem dos Korn por terras lusas foi a que menos público presenciou – uma plateia a meio gás e dois balcões quase despidos receberam a banda de Jonathan Davis –, mas no que diz respeito à prestação em palco, terá sido uma das mais positivas - pelo menos relativamente às dos últimos anos.

As razões para a perda de público são óbvias e conhecidas. Ao mudar de sonoridade, os Korn angariaram novos fãs – os que receberam com fervor “Evolution” e “Hold On”, ambas singles do último de originais e “Coming Undone”, de See You In The Other Side, em medley com “We Will Rock You” dos Queen –, mas também perderam os muitos que os haviam acompanhado desde o homónimo Korn. Ainda assim sobram alguns. Sobram os que receberam “Falling Away From Me”, “A.D.I.D.A.S”, “Right Now”, “Freak On The Leash”, “Here To Stay” e a sempre caótica “Blind”, com o mesmo fervor de outros tempos.

No que ao concerto diz respeito, o factor mais positivo, residiu no facto de, ao contrário das duas últimas passagens por Portugal, desta vez a actuação não ter carecido de comunicação, com o próprio (regressado) “Munky” também em destaque.

Por outro lado, houveram surpresas, surpresas essas que surgiram com temas como "Faget", que o próprio Jonathan Davis assumiu já não tocarem à bastante tempo, ou "Haze", uma nova canção que deverá ser incluida numa banda-sonora de um videojogo.

O Nu-metal foi sepultado. As bandas a que lhe associávamos mudaram de sonoridade e os Korn não foram excepção. O caminho escolhido – um metal mais industrial – pode não ter sido a melhor opção, mas ao vivo a banda parece estar perto de um regresso à melhor forma.

Não chegámos a tempo de assistir à prestação dos Deathstars. Já os Flyleaf deram tudo em palco, com uma energia inesgotável que disfarçou algumas das lacunas da banda.

7/10

Nota: A foto não é relativa ao concerto em questão

Sunday, February 24, 2008

British Sea Power - Do You Like Rock Music?

Despontaram no ano 2000 ”vítimas” de um hype que consagrava The Rise And Fall Of British Sea Power como um dos melhores álbuns desse ano. Demonstraram grande honestidade e atitude ao tocarem nos locais menos habitados e com as mais precárias condições por terras de Tio Sam, sendo que em 2003 dá-se a relativa desilusão do difícil segundo disco Open Season. Esfumava-se o hype e os British Sea Power eram esquecidos. Passados 5 anos regressam com Do You Like Rock Music?

Do You Like Rock Music? é um composto de canções épicas, num registo que o culto indie não deixará escapar e em que, de quando em vez, soltam-se referências dos Canadianos Árcade Fire – oiça-se "No Lucifer", "All In It" e "We Close Our Eyes. A produção ficou a cargo de Howard Bilerman (Arcade Fire - lá está!), Graham Sutton (Jarvis Cocker), e Efrim Menuck (Godspeed You Black Emperor!).

em Do You Like Rock Music? uma introdução fantástica, sendo que "All In It" tem continuidade na igualmente fantástica "We Close Eyes", que fecha o álbum. Há uma banda puramente indie no épico “Ligths Out For Darker Skies”, coros transcendentais em “Waving Flags” – primeiro single – e pé no acelerador e distorção em “Atom”. Destaque ainda para a instrumental “The Great Skua” e a espantosa “Convey Island”. Pena a ponta final do terceiro disco do quarteto de Brighton – “No Need To Cry” e “Open The Door” (salva-se o solo) - não ultrapassarem a mediania.

Do You Like Rock Music? Será, com toda a certeza, um dos mais impressionantes e surpreendentes álbuns de 2008.

8/10

Thursday, February 21, 2008

Simple Plan - Simple Plan

Não que seja relevante, mas foi necessário chegar ao terceiro de originais para os Canadianos Simple Plan lançarem o seu álbum homónimo. A música, essa continua a ser a mesma.

Centremo-nos no óbvio e coloquemos os Simple Plan na mesma prateleira de gente tão medíocre como os Sum 41 e Good Charlotte. Quer isto dizer que Simple Plan contém melodias infantis, coros cliché, produção de luxo – Nate Danja Hills (Justin Timberlake, Duran Duran, Nelly Furtado), Max Martin (James Blunt, Kelly Clarkson, Avril Lavigne) e Dave Fortman (Evanescence, Mudvayne) -, teclados foleiros, tiques emo e o habitual punk aPOPalhado, que os Greenday desdenhariam.

Simple Plan não é melhor nem pior que os anteriores álbuns dos Simple Plan. É a mesma coisa medíocre e de target bem definido de sempre.

1/10

Tuesday, February 19, 2008

Youtube: Serj Tankian - "Saving Us" / "Sky Is Over"

"Sky Is Over"



"Saving Us"



"Saving Us" e "Sky Is Over" são, respectivamente, os terceiro e quarto singles extraidos de Elect The Dead - primeiro trabalho a solo de Serj Tankian. Se o vídeo de "Saving Us" é Tankian, como critico social, no seu melhor, "Sky is Over" é um projecto bem mais simplificado.

Saturday, February 16, 2008

Lenny Kravitz - It Is Time For a Love Revolution

Depois do razoável sucesso de Baptism – já de 2004 – Lenny Kravitz regressa com um disco que soa a um “simples” cumprir de expectativas.

Lembra-se de Amor, Escárnio e Maldizer dos Da Weasel? Pois bem, It Is Time For A Love Revolution à imagem do último de originais dos seis de Almada centra-se na temática do amor. A revolução vem depois e em doses reduzidas.

Sempre com pose de guitar-hero Kravitz espalha influências óbvias, com Led Zeppelin e Jimmy Hendrix à cabeça, onde Rock N’ Roll, Funk e Soul dão as mãos num registo que possui como maior pecado o seu tempo de duração – para lá da hora de música.

It Is Time For a Love Revolution começa a queimar riffs em “Love Revolution”, seguida de “Bring It On” – a canção do álbum – e, mais afrente, apanha “If You Want It”. Todas elas soam Led Zeppelin. Em “Good Morning” os Beatles são reis e “Love Love Love” traz o funk de uns Red Hot Chili Peppers. “I’ll Be Waiting”, primeiro single, é a típica balada midtempo, pirosa e cliché embutida num álbum rock. Mais forçada só a soul de “Will You Marry Me” – alguém falou em James Brown? Sobre “I Love The Rain” sabe-se que é um potencial single, “A Long And Sad Goodbye” é dedicada ao falecido pai do cantor e “Back To Vietnam” é uma óbvia critica à invasão Americana ao Iraque.

Por fim, perdoe-se o mau gosto do nome do álbum, mas Lenny Kravitz já cá anda há tempo suficiente para saber que o título do seu oitavo de estúdio soa mais que apropriado.

6/10

Thursday, February 14, 2008

Outros Álbuns:


Eels - Meet The Eels - Essential Eels 1996-2006 (Imagem) - 9/10
Drive-By Truckers - Brighter Than Creation's Dark - 7/10
Matt Costa - Unfamiliar Faces - 4/10
Morcheeba - Dive Deep - 7/10

Sunday, February 10, 2008

Jack Johnson - Sleep Through The Static

Como criticar um álbum que, ainda que esteja longe da perfeição, cumpre inapelavelmente os objectivos a que o artista se propõe? Jack Johnson é um desses casos bicudos em que, por um lado, fabrica um álbum perfeito para o seu público alvo e, por outro, esse mesmo álbum fica longe da perfeição para os melómanos em geral – critica incluída.

Relembremos que Johnson é o surfista Havaiano, que com o seu anterior registo, In Between Dreams, originou um enorme culto à sua volta – em Portugal encheu, primeiro, um coliseu e, depois, um pavilhão Atlântico. Pois bem, Sleep Through The Static não vem alterar rigorosamente nada. O sing/song-writer continua a passear-se pelos campos da folk acústica, com algumas variações mais funk derivadas de uma guitarra irrequieta, sendo que Johnson nunca usou tanto a guitarra eléctrica como neste registo.

Ao quarto álbum – a banda sonora do filme “Curious George” não conta – Johnson faz ainda regressar JP Plunier (Ben Harper), que já havia produzido o debutante Brushfire Fairytales, em 2001. Jack Johnson, agora com 32 anos, não tem nada a provar, pelo que referir que a sua música é completamente descomplexada é o maior elogio que lhe poderremos fazer.

Sleep Through The Static pode não ser um registo realmente inovador, mas como negar a beleza de canções como "All at Once", "Sleep Through the Static" ou o pimeiro single "If I Had Eyes"? Canções essas, que tão bem encaixariam numa banda sonora de um hipotético “Shrek o quarto” – se os próprios Eels o fizeram...

6/10

Saturday, February 9, 2008

Youtube: Sex Pistols - God Save The Queen



Depois da excelente confirmação da actuação dos Sex Pistols, como cabeças de cartaz, no primeiro dia da edição de Paredes de Coura 2008, vale a pena rever o grande clássico "God Save The Queen".

Friday, February 8, 2008

Sons & Daughters - This Gift

São um quarteto, vêm da Escócia – são, portanto, conterrâneos de gente como os Franz Ferdinand ou os Jesus & Mary Chain – e possuem uma vocalista cheia de personalidade na voz. Ao terceiro álbum, os Sons & Daughters querem mesmo deixar o pequeno nicho em que estão inseridos.

This Gift – e este ponto é essencial – conta com produção do senhor Ex-Suede Bernard Butler (Aimee Mann e The Libertines), o que ajuda a perceber a similaridade entre as vocalizações de Adele Bether com os grupos femininos dos anos 60, como as Supremes ou as Rounettes, campo em que Amy Winehouse se vem destacando.

Assim, de um enérgico terceiro registo de originais sobressai o pós-punk de “House In My Hand”, que possui a energia de uns Gang of Four ou de uns mais recentes Kaiser Chiefs, uma das melhores primeiras faixas do ano “Guilt Complex” – riff que tem feito mossa no seio da comunidade indie –, o êxtase de “This Gift”, o puro prazer de ouvir “Rebels With The Ghost” e “Chains” e os exemplos práticos de uma banda ambições bem definidas que são “Darling”, “Flags” e “Iodine”.

Ainda o ano vai no seu início e temos a certeza que os Sons & Daughters vão constar nas listas de melhores do ano.

8/10

Thursday, February 7, 2008

Youtube: Korn - Hold On




"Hold On" é o segundo single extraido do mediocre Untitled, último registo de originais dos Korn. O vídeo é dedicado a um dos grandes mestres de rodeo, Lane Frost.

Wednesday, February 6, 2008

Bullet For My Valentine - Scream Aim Fire

A história dos Bullet For My Valentine, na sua caminhada para o mainstream, cabe num parágrafo. Formados no final dos anos 90 na zona Sul do País de Gales, os Bullet For My Valentine eram, nesta altura, uma daquelas bandas que fazia covers de bandas como Metallica, Nirvana e Limp Bizkit (!) antes de lançarem o seu primeiro álbum de originais, The Poison, em 2005, resultando da edição do mesmo o saldo de cerca de 1 milhão de cópias vendidas. O quarteto britânico tornava-se assim mais uma das bandas catapultadas por aquele movimento mui mal amado chamado metalcore.

Entretanto, a banda toma uma decisão, que pode parecer estranha aos olhos do “verdadeiro metaleiro”, ao recusar um contracto com a Roadrunner, para assinar pela major Sony BMG. Scream Aim Fire era então aguardado com um autêntico fervilhar de expectativas. Ponto assente: os seus críticos continuarão a persegui-los e os fãs continuarão a venerá-los. O segundo álbum da banda britânica não se esforça por se demarcar do anterior registo, repetindo a fórmula mais uma e outra vez.

Canções melódicas e preparadas para invadir as rádios mais mainstream, de que é exemplo o single e faixa título “Scream Aim Fire”, letras infantis – o maior problema do registo –, uma secção rítmica poderosa e o balanço certo entre metal e hardcore, de que poucas bandas do género se podem gabar de possuir. É notória também a influência da produção de Colin Richardson (Machine Head, Fear Factory), que já havia produzido o debutante registo da banda.

Destaque, para alem de “Scream Aim Fire”, para a colaboração de Skindred's Benji Webbe em “Take It Out With Me”, “Disappear” com coros tipicamente punk e a balada da praxe “Say Goodnight”.

Parece óbvio que os Bullet For My Vallentine ambicionam vender bastantes discos e encher as salas de espectáculo por onde quer que passem. A dúvida parece ser apenas saber se superam as expectativas.

7/10

Tuesday, February 5, 2008

Hot Chip - Made In The Dark

Entalados entre uma costela mais pop e outra mais electrónica, os Hot Chip vão-se destacando pela sua singularidade provocante. Made In The Dark não é perfeito, mas, ainda assim, é susceptível de causar mossa.

Ao terceiro álbum ainda não está tudo resolvido, mas as respostas são cada vez mais esclarecedoras. Os Hot Chip querem agradar dois públicos. A outra coqueluche da DFA – a editora de música mais dançável do momento – volta a fabricar um disco que se pode definir, de uma forma geral, como uma electro-pop com várias ramificações.

O sucessor de Over And Over abre com uma faixa erradamente introdutória, “Out At The Pictures” – e isto sim, new-rave! Segue-se uma entusismante “Shake A Fist” e, ao terceiro tema, deparamo-nos com aquela que é, porventura, a canção mais catchy do quinteto britânico, “Ready For The Floor”. Em “Touch Too Much” trazem os Klaxons à baila com falsetes a rodos – alguém falou em new-rave, outra vez? “One Pure Thought” começa movida a guitarra indie para, mais afrente, pedir emprestadas caixinhas de ritmo aos Kasabian de Empire. “Wrestlers” é infantil, nem que seja pela temática tratada. O resto é canções midtempo sem sal.

Um dia o underground e o mainstream poderão andar de mãos dadas e, nessa altura, lá estarão os Hot Chip para festejar essa espécie de anarquia.

7/10

Sunday, February 3, 2008

Youtube: Sons & Daughters - Gilt Complex



Primeiro single de This Gift, "Gilt Complex" pode muito bem ser a mais festejada canção do primeiro trimestre de 2008. Pelo menos pela comunidade indie.

Saturday, February 2, 2008

Cat Power - Jukebox

Depois de, em 2006, editar o celebrado The Greatest a abrir o ano, Cat Power volta, com Jukebox, a editar no mês de Janeiro. Foram necessários 8 anos para Chan Marshall aka Cat Power voltar a tentar a interpretação de reportório alheio. The Covers Record, o anterior álbum de covers, data já do longínquo ano 2000.

Assim, em Jukebox, Power atira-se, entre outros, a clássicos de gente como Joni Mitchell, Frank Sinatra, Bob Dylan, Janis Joplin, James Brown e Billie Holiday e recruta uma nova banda, a Dirty Delta Blues – Jim White dos Dirty Three, Judah Bauer dos Jon Spencer Blues Explosion, Gregg Foreman dos Delta 72 e Erik Paparozzi dos Lizard Music.

Há, em Jukebox há rock clássico em “New York” – sim, é mesmo o clássico de Frank Sinatra – e “Aretha, Sing One For Me”, country em “Silver Stallion” e gospel e soul, em doses variadas, espalhadas pelas restantes faixas do álbum. Destaque para os 2 originais aqui incluídos: “Metal Heart” constitui mesmo um dos mais brilhantes momentos do registo, enquanto que “Song To Bobby” é notoriamente dedicada ao mestre Dylan, numa clara referência a “Song To Woody” do cantor de “Like A Rolling Stone”. Como momentos de maior inspiração encontramos “Ramblin’ Woman”, original de Hank Williams, “Lord, Help The Poor & Needy” de Jessie Mae Hemphill, “Woman Left Lonely” de Janis Joplin e “I Believe In You”, original de, como não poderia deixar de ser, Bob Dylan.

Não nos deixemos enganar: este é apenas um álbum de covers – um belo álbum de covers, mas não mais que isso.

6/10

Álbuns de Janeiro:

Álbum do Mês:

The Mars Volta - Bedlam in Goliath (Imagem) - Link

Outros:

The Magnetic Fields - Distortion - Link

Serj Tankian - Elect The Dead - Link

The Hives - The Black And White Album Link

Radiohead - In Rainbows Link