Atenta-mos à capa de Midnight Boom e salta-nos à vista uma certa desarrumação – daquelas que só quem a fez pode ter tudo sob controlo –, desarrumação essa, que se transfere para o disco. Desarrumado, sim, mas faz todo o sentido que assim o seja. Ao terceiro álbum, os Franceses tiram-nos a areia dos olhos e revelam a veia mais rockeira e dançável, que o duo ainda não havia deixado vir ao de cima. Com produção de Alex Epton, Midnight Boom conta com particularidades que vão da distorção ao minimalismo de uns White Stripes, passando por uma faceta mais perfeccionista menos ajustada. As partes de guitarra parecem calculadas ao milésimo de segundo – falamos do registo mais acessível dos Kills. Senão, onde poderia alguma vez caber aqui “U.R.A. Fever”, o muito catchy primeiro single? Ou, a espaços, o funk de “Cheap And Cheerful”? De resto, vislumbram-se as dançáveis “Alphabet Pony” e “What New York Used To Be” – esta não causaria qualquer tipo de desdém aos Bravery -, o rock à seria de “Hook And Line” e “M.E.X.I.C.O.C.U.” e uma pérola, em formato balada, guardada com pompa e circunstância para o fim.
Este poderá muito bem ser o disco pelo qual os Kills ficarão conhecidos.
8/10
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