Tuesday, March 18, 2008

The Gutter Twins - Saturnalia

É já habitual existir um ligeiro elevar de expectativas a cada projecto em que Mark Lanegan participa. Desta feita, um dos mais subvalorizados senhores do grunge chega-nos em parceria com o amigo Greg Dulli. Eis os The Gutter Twins e o regresso de dois ícones dos anos 90 à Subpop.

Mark Lanegan já pouco ou nada tem a provar. Foi líder incontestado dos seus – passe a redundância – Screaming Trees, ex-membro dos Queens Of The Stone Age (QOTSA) – por alturas da obra-prima Songs For The Deaf –, colaborou com Isobel Campbell no muito elogiado Ballad Of The Broken Seas – que rendeu uma nomeação para os Mercury Prize, em 2006 – e, em 2004, lançou o seu único álbum a solo, o também bastante elogiado pela crítica Bubblegum. Dulli conta com um passado menos brilhante, mas ainda assim relevante. Foi vocalista dos Afghan Whigs, fundou, posteriormente, os Twillight Singers, com os quais chegou inclusivamente a contar com a participação de Lanegan em dois álbuns de estúdio. De resto, ambos contam com um passado comum, seja por esporádicas colaborações em conjunto, seja pelos períodos (moderadamente) áureos das suas principais bandas coincidirem, ou mesmo nos problemas com drogas – Lanegan com heroína e Dulli com cocaína.

A ideia não é tão recente quanto se possa pensar e Saturnalia levou quatro anos a conceber. É, pois, um álbum de rock aprumado, psicadélico, sinistro e escuro, em que o contraste das duas vozes funciona como uma espécie de guerra de egos – e que egos! – em que paira sempre a dúvida no que diz respeito ao vencedor. Talvez o próprio ouvinte? De um lado está Greg Dulli com uma voz mais delicada, sensível, num registo próximo de Josh Homme (QOTSA) – atente-se a “Idle Hands", com guitarras ásperas, faixa que poderia muito bem estar em Lullabyes To Paralyze dos próprios QOTSA -, do outro está Mark Lanegan que, por seu lado, possui uma voz mais agressiva e ameaçadora. Resultado? Complementaridade.

Saturnalia confirma a impossibilidade de Mark Lanegan atirar ao lado.

7/10

1 comment:

Mário Jader said...

Embora não seja bem o meu genero, este album surpreendeu-me pela positiva. Adoro as guitarras.

Cumps