Cerca de 2 meses antes da edição de Curtis, 50 Cent lançou um muito pouco razoável desafio a Kanye West: caso 50 Cent viesse a vender menos que West, o protegido de Eminem deixaria a indústria musical. Curtis Jackson perdeu e, felizmente, fez-se justiça – Graduation é incomparavelmente superior a Curtis. Graduation não é, como os anteriores o eram, candidato a melhores do ano mas, não borra o legado de Kanye. Mais ambicioso, mais desafiante, mais complexo que 50 Cent, mas...
Kanye West - Graduation:
Após dois álbuns absolutamente fantásticos – The College Dropout's de 2004 e Late Registration de 2005 – as expectativas não poderiam ser mais elevadas para o terceiro álbum de uma carreira, que promete ser enorme.
Kanye volta a chamar os cabeça de cartaz do panorama musical actual. Senão vejamos, temos em “Stronger” o mais famoso duo Francês, que controla cenário da música de dança actual, os Daft Punk, há em “Hommecoming” o vocalista da banda que promete suceder aos U2 daqui a uns bons tempos, Chris Martin (Coldplay) e ainda um dueto com um dos históricos do hip hop Mos Def. Menos intenso e desafiante que os antecessores, é nas colaborações que Graduation encontra um óptimo escape para disfarçar uma obra menor.
Após a habitual intro de Kanye, segue-se "Champion" que logo aqui possui o melhor sample de Graduation. Ouvimos os primeiros segundos de "Stronger" – primeiro single e improvável colaboração com os franceses Daft Punk – e notamos, desde logo, que esta há-de ser uma das mais festejadas canções do que resta de 2007. Seguem-se-lhe a agressiva "Cant't Tell me Nothing", a jocosa "Drunk And Hot Girls", com Mos Def, a afronta de "Everything I Am" ou a surpreendente participação de Chris Martin em "Homecoming" - começa a ser cada vez mais normal juntar artistas rock a hip hop. Onde Graduation perde força é em temas como "Wonder", "Good Life" com T-Pain, ou o rockeiro "Big Brother".
A crítica ao trabalho de Kanye West exige um certo afastamento, em relação ao seu enorme ego e aos seus muitos problemas sobre o racismo – para Kanye nem George Bush, nem a MTV gostam de negros. Se esquecermos estas duas ideias temos, em 2007, West, como o nome maior da cultura hip-hop actual.
7/10
50 Cent - Curtis
A história de Curtis Jackson, ou apenas Curtis, já foi por demais debatida. Só pode ter vendido a alma ao diabo, quando sobreviveu às nove balas que lhe perfuraram o corpo. Foi recrutado pela bem sucedida editora de Dr Dre. e Eminem vendendo, depois, cerca de 20 milhões de discos. O efeito já não será o mesmo e, através da rivalidade Kanye Vs 50, verifica-se que há mais anti-50 que pró-50.
A intro, aliada à própria capa do álbum, transmite a ideia de que 50 Cent poderá ter semi-transfigurado o seu estilo, ao qual vem sendo tão fiel desde
Get Rich Or Die Tyin'. Fogo de vista. Curtis é mais do mesmo. Quem gosta continuará a gostar. Quem odeia continuará a odiar. Mulheres, álcool e drogas são assuntos centrais num álbum sem a mesma apetência para o single que os anteriores.
No que a participações diz respeito, 50 Cent joga pelo seguro e chama os suspeitos do costume, Eminem em "Peep Show" e Dr. Dre em "Fire". Recruta 2 clichés chamados Timbaland e Justin Timberlake para o
single "Ayo Technology" propõe Akon para uma menor "I'll Still Kill" e conta com a diva Mary J. Blige em "All Of Me" e a única Pussycat Doll que se esforça por cantar, Nicole Scherzinger. No balanço final verificamos que ainda que "Movin On Up", a surpreendente "Amusement Park" e All of Me" são bons momentos, mas não chegam para salvar
Curtis da mediocridade geral. E, afinal de contas, quem rima "Beyoncé" com "Jay" em "Follow My Lead" só pode contar com uma crónica falta de criatividade.
Verifique-se no final, com uma certa ironia, que a última faixa de
Curtis é nomeada de "Touch The Sky", talvez o
single de maior sucesso de Kanye West.
4/10