Sun Kil Moon - April

April dita o fim de 5 anos de jejum editorial por parte de Mark Kozelek – ex-Red House Painters (RFP) – enquanto Sun Kil Moon. Valeu a pena esperar.

O terceiro álbum dos Sun Kil Moon – banda composta, para além do mentor Mark Kozelek, por Anthony Koutsos (ex-baterista dos RHP), Geoff Stanfield no baixo, David Revelli na precursão e Michi Aceret no violino – é, sejamos directos, um disco cheio de superlativos. Entre canções acústicas (“Unlit Hallway”) e outras onde guitarras destorcidas desenrolam-se por vários minutos (“The Light” e “Tonight The Sky”), April é, tal como o mês que dá nome ao álbum, um registo triste (“Unlit Hallway), escuro e épico - como o prova a bela e melancólica “Lost Verses”, um dos melhores momentos do álbum.

Bastante comparado com Neil Young e Bob Dylan (basta ouvir os primeiros segundos de “Heron Blue”) – ressalvem-se as óbvias diferenças, ao nível da carreira –, o dedicado songwriter, responsável pelo projecto, convoca ainda grandes heróis da cena folk como Bem Gibbard – vocalista dos Death Cab For Cutie – e Will Oldham aka Bonnie Prince Billy – com momento particularmente feliz em “Like The River” - para participações especiais.

Como curiosidade – e os mais atentos já o terão seguramente notado – destaque-se as referências latinas como “Tonight Bilbao” e o próprio nome atribuído à editora de Kozelek: Caldo Verde.

Dono de uma beleza desarmante, April terá de constar necessariamente no balanço anual de 2008. Venham mais 5 anos.

8/10

Youtube: Animal Collective - Water Curses

Não, este vídeo não sofre de qualidade duvidosa. É apenas mais um vídeo dos Animal Collective. "Water Curses" foi retirado do novíssimo EP com o mesmo nome.

Youtube: dEUS - Slow

dEUS faz a sexta visita ao mais comum dos mortais, trazendo, portanto, novo álbum na bagagem. "Slow" é o primeiro single de Vantage Point. Os dEUS actuam em Portugal, no dia 2 de Agosto, no Festival Paredes de Coura.

Hercules & Love Affair - Hercules & Love Affair

Um conselho para quem ainda não ouviu o disco de estreia dos Hercules & Love Affair: não continue a ler esta crítica, a partir deste exacto momento! Se continuou a ler, começo por me justificar. E começo por me justificar com Antony Hegarty – esse mesmo dos Antony And The Johnsons – que participa em Hercules & Love Affair – o álbum –, o que poderá, por vezes, abstrair o ouvinte do facto de este ser um disco de música de dança – o próprio escriba foi, várias vezes, vitima desse alerta.

Ultrapassado este primeiro “problema”, e, tendo em conta que a estreia do projecto de Andrew Butler (DJ e produtor), e Tim Goldsworthly (co-produtor e a parte que não se chama James Murphy dos LDC Soundsystem) é mesmo um disco de música de dança, lembramo-nos que a colheita dos últimos anos deu-nos a conhecer gente como os Simian Mobile Disco, Justice e, claro, os LCD Soundsystem – e todos eles marcaram de uma ou outra forma 2007 – e, já em 2008, Hot Chip e agora os Hercules & Love Affair, abanam os alicerces do campo em que se inserem.

O duo de produtores vem de Nova Iorque e, não, este não é mais um caso em que o artista – no caso Antony Hegarty – é tão reconhecido que, aos olhos da crítica, se torna, de certo modo, intocável, recebendo louvores desenfreados de tudo quanto é publicação especializada. A verdade é que, ainda que o projecto tenha sido mesmo bafejado pela crítica, o álbum de estreia de Butler e Goldsworthly tem mesmo qualidade.

Se é verdade que os melhores momentos acabam por sair do invejável falsete de Antony – “Blind”, a pérola do álbum, é apenas o exemplo mais apetecível –, acaba por ser injusto referir o líder dos Antony And The Johnsons como único responsável pelo sucesso do projecto. Cabem também aqui as vozes de Nomi e Kim Ann Foxman (“Athene” e “Isis”), as linhas de baixo tocadas por Andrew Raposo (Automato) e Tyler Pope (dos !!!), a guitarra de Kevin Barker em “Time Will” e a impecável produção dos já anteriormente referidos Andrew Butler e Tim Goldsworthy, uma verdadeira equipa de sonho da música mais dançável.

Mais um belo disco para abrilhantar 2008, que só poderia vir da infalível DFA.

7/10

Youtube: Justice - Stress

Depois do fantástico vídeo de "Dance" - de resto, uma das mais festejadas canções de 2007 - os franceses Justice lançam a polémica com este vídeo para "stress". Crónicas de um bairro bem perto de si.

Dodos - Visiter

Tidos como um dos segredos mais bem guardados de 2008, os Dodos têm em Visiter o seu bem cotado - pela imprensa internacional – álbum de estreia. E esta primeira obra do duo composto por Meric Long – guitarra e voz – e Logan Kroeber (bateria) é singularmente composta por material integralmente acústico, onde se destacam, para além da guitarra e bateria, o banjo ("Walking") e o piano (“Joe’s Waltz”).

Vindos de São Francisco, Long e Kroeber propõe-nos um interessante exercício minimal, em que folk e country andam de mãos dadas, como que se de uns White Stripes ou de uns Raveonettes sem construções eléctricas se tratassem. As canções variam entre uns mais directos 2/3 minutos de duração e uns mais épicos 6/7 minutos nada cansativos.

Destaque-se intensa “Red And Purple”, “Joe’s Waltz” – épico arrepiante com Longe a recitar vezes em conta “You Need Help”, com coros de fundo barafustando “help!” em sinal de, presumimos nós, desespero –, “Winter”, com Long a cantar entre Beck e Chris Martin (Coldplay), "Paint The Rust", agitada, a servir de contraponto com a melancolia da faixa que se segue, "Park Song" - os Spoon desta nova fase de aclamação crítica, finalmente – e, por fim, destaque-se “Jodi” com bateria pulsante e vem-nos à mente os Arcade Fire de Funeral.

Há quem refira os desvarios dos Animal Collective para situar Visiter. Não sejamos tão radicais. Temos apenas uma certeza: Visiter é um disco que a cultura indie abraçará sem quaisquer reticências.

7/10

Youtube: Cover de "Eye Of The Tiger" em Persépolis

Esta é a muito badalada (e terrível) cover de "Eye Of The Tiger" presente no filme Persepolis - longa metragem baseada na vida de Marjane Satrapi, dirigida por Vincent Paronnaud, que de resto tem sido altamente elogiada pela crítica.

Youtube: Bjork - Wanderlust

"Wanderlust" é já o terceiro single retirado do aclamado regresso de Bjork aos discos com Volta. Como é apanágio da Islandesa, as intenções do video não são facilmente perceptiveis. Um vídeo, no minimo, fascinante. Em baixo fica o making of deste mesmo vídeo.

The Raconteurs - Consolers Of The Lonely

A edição de dois álbuns em outros tantos anos, terá sido a forma que Jack White arranjou para compensar Brendan Benson, no que diz respeito ao adiamento daquilo que, em 2006, viriam a tornar-se nos Raconteurs.

Atenção, Controlers Of The Lonely pode-se tornar num equívoco para o ouvinte. Não é à primeira, nem à segunda audição que o ouvinte vai notar o quão grandioso este disco é. A primeira coisa que salta à vista é a ambição – e não falamos dos 20 minutos a mais, relativamente ao álbum estreia. Pois bem, o segundo álbum da outra banda de Jack White é, para além do já referido ambicioso, mais grandioso ("Carolina Drama", a fechar), menos directo – parece haver um maior espaço de manobra para Jack White e companhia – e menos catchy. As guitarras voltam a gozar de um enorme destaque, sendo que Controlers Of The Lonely possui riffs contagiantes (“Attention”) e melodias certeiras ("The Switch And The Spur", que por vezes chega a fazer lembrar "Conquest" do último disco dos White Stripes, Icky Thump).

O álbum arranca com duas canções de rock descomprometido – garage rock, para os mais objectivos. São elas "Consoler Of The Lonely”, uma fantástica ponte de ligação com o primeiro álbum, e “Salute Your Solution”. “You Don't Understand Me” soa, à primeira, a tiro no pé, para depois ganhar vida à segunda e posteriores audições. “Old Enough” e “Top Yourself” são country-rock para gente iluminada, “Hold Up” fura pelos domínios eufóricos e “Many Shades Of Black” é simplesmente grandiosa. O sucessor de Broken Boy Soldier perde um pouco de força nos 10 minutos finais, mas não ao ponto de comprometer.

Meg White referia há tempos que se sentia surpreendida relativamente ao facto do "irmão" Jack nunca ter tido um bloqueio ao nível criativo. O segundo álbum dos Raconteurs promete adiar o dito bloqueio.

8/10

Álbuns de Abril:

Álbum do Mês:

The Cavalera Conspiracy - Inflikted (Imagem) - Link

Outros:

Foals - Antidotes Link

Gnarls Barkley - The Odd Couple Link

We Are Scientists - Brain Thrust Mastery Link

Be Your Own Pet - Get Awkward Link