Sunday, May 25, 2008

Hercules & Love Affair - Hercules & Love Affair

Um conselho para quem ainda não ouviu o disco de estreia dos Hercules & Love Affair: não continue a ler esta crítica, a partir deste exacto momento! Se continuou a ler, começo por me justificar. E começo por me justificar com Antony Hegarty – esse mesmo dos Antony And The Johnsons – que participa em Hercules & Love Affair – o álbum –, o que poderá, por vezes, abstrair o ouvinte do facto de este ser um disco de música de dança – o próprio escriba foi, várias vezes, vitima desse alerta.

Ultrapassado este primeiro “problema”, e, tendo em conta que a estreia do projecto de Andrew Butler (DJ e produtor), e Tim Goldsworthly (co-produtor e a parte que não se chama James Murphy dos LDC Soundsystem) é mesmo um disco de música de dança, lembramo-nos que a colheita dos últimos anos deu-nos a conhecer gente como os Simian Mobile Disco, Justice e, claro, os LCD Soundsystem – e todos eles marcaram de uma ou outra forma 2007 – e, já em 2008, Hot Chip e agora os Hercules & Love Affair, abanam os alicerces do campo em que se inserem.

O duo de produtores vem de Nova Iorque e, não, este não é mais um caso em que o artista – no caso Antony Hegarty – é tão reconhecido que, aos olhos da crítica, se torna, de certo modo, intocável, recebendo louvores desenfreados de tudo quanto é publicação especializada. A verdade é que, ainda que o projecto tenha sido mesmo bafejado pela crítica, o álbum de estreia de Butler e Goldsworthly tem mesmo qualidade.

Se é verdade que os melhores momentos acabam por sair do invejável falsete de Antony – “Blind”, a pérola do álbum, é apenas o exemplo mais apetecível –, acaba por ser injusto referir o líder dos Antony And The Johnsons como único responsável pelo sucesso do projecto. Cabem também aqui as vozes de Nomi e Kim Ann Foxman (“Athene” e “Isis”), as linhas de baixo tocadas por Andrew Raposo (Automato) e Tyler Pope (dos !!!), a guitarra de Kevin Barker em “Time Will” e a impecável produção dos já anteriormente referidos Andrew Butler e Tim Goldsworthy, uma verdadeira equipa de sonho da música mais dançável.

Mais um belo disco para abrilhantar 2008, que só poderia vir da infalível DFA.

7/10