Saturday, January 5, 2008

Radiohead - In Rainbows

Em 1997, os Radiohead ganhavam um problema e os melómanos um escape: desde OK Computer! que os álbuns dos Radiohead tendem a ser comparados à sua obra-prima. Nenhum dos sucessores conseguiu igualar o irmão sobredotado.

Não haverá vivalma que acompanhe o seio do mundo musical que já não conheça a história: resumidamente, os Radiohead, aproveitando o fim de contracto com a EMI, lançaram o álbum na Internet, em nome próprio, ao preço que o comprador bem entendesse - valia não pagar. Assim, a banda "vendeu" mais de 1 milhão de álbuns e afirmou ter obtido mais lucro que em todos os seus anteriores álbuns juntos. Muitos já lhes atribuem a possibilidade de cobrar os direitos de autor da tão proclamada revolução da indústria musical, que parecia estar apenas à espera da primeira bomba para explodir.

Pois bem, In Rainbows não é álbum para superar OK Computer – e será possível vir a acontecer? -, mas não deixa de ser uma colecção de grandes canções. Por vezes é épico ("Nude"), noutras uma bola de neve emocional ("Reckoner"), noutras é ainda puro desvario sónico sem rei nem roque ("Bodysnatchers"). Mas o que há a reter, é o facto de, como nos outros seis, serem necessárias várias audições para construirmos uma verdadeira apreciação do sétimo de estúdio dos Radiohead.

Haverá nome mais intocável que o dos Radiohead? Provavelmente, nos nossos dias, não! É por isso que tinham que ser os Radiohead. Quem mais para obrigar a indústria musical a dar uma volta de 180º e sair sobre ombros? In Rainbows é um grande álbum, mas vai sempre perder quando comparado com OK Computer!

7/10

Faixa a faixa:

"15 Step" - Thom Yorke (ainda mais) em registo falsete. Dá pistas – depois desmentidas pelo próprio álbum – para aquele que poderia ser o registo mais electrónico da banda;

"Bodysnatchers" - Canção desvairada, em que o único elemento disciplinado é a bateria.

"Nude" - Coros épicos à OK Computer. Tom emocional na voz de Thom Yorke. Melhor momento de In Rainbows;

"Weird Fishes / Arpeggi" - Cresce à medida que avança. Contém intensas mudanças de ritmo e uma letra bizarra;

"All I Need" - Sons tipo caixinha de musica para crianças. Letra paradoxal;

"Faust Arp" - Monstruosos instrumentos de cordas e Thom Yorke como que num confessionário;

"Reckoner" - Extremamente emocional. Thom Yorke, extraordinário, a dedicar uma canção a todos nós "seres humanos calculistas";

"House Of Cards" - As palavras ecoam como se fosse necessário ouvimo-las mais que uma vez. Parece simples, mas exige mais que uma ou outra audição. São os Radiohead;

"Jigsaw Falling Into Place" - O primeiro single é também, de forma esperada, o momento mais acessivel do album. Cresce à medida que avança no tempo;

"Videotape" - Contém pormenores fabulosos;

2 comments:

Mário Jader said...

Acho 7 uma nota um pouco baixa, mas estamos a falar de Radiohead, a banda que é preciso ouvir uma data de vezes para se apanhar todos os pormenores e a essência da música. Acho este álbum mais simples, mais relaxado e despreocupado do que os anteriores, mas consegue agradar-me a todos os níveis! Não é o melhor da carreira nem o pior... é diferente.

Pedro Arnaut said...

Ouvi o álbum umas quantas vezes antes da crítica. É verdade que não é imediato, como, de resto, os Radiohead já nos habituaram, mas há um factor essencial quando tratamos uma nova edição da besta banda: Ok Computer! Há sempre a tendência para a comparação e apesar deste álbum possuir grandes momentos - como de resto refiro na crítica -, não é álbum para rivalizar com o clássico de sempre. :) De resto percebo o que queres transmitir - o álbum está acima da média.